2006/09/30

Camuflado (1998-07-11)

Porque é que eu só consigo ser eu
Quando pego na caneta?
Será que conseguiria ser feliz
Se fosse mudo?

Gosto de mim quando escrevo
Porque não consigo escrever merda
Ou será que é a caneta que é mais sensata que eu
E quando não tem nada para dizer, fica calada?

É um hábito… Não…
É uma defesa
Antes que tu faças pouco dos meus sentimentos
Estou eu a cobri-los com uma capa de comédia
Mas o irónico é que
A transparência dessa capa
Está nos teus olhos,
No teu coração

Sabes, a máscara do palhaço é feita de cores
O verde da esperança
O vermelho da paixão
O azul do céu, do vôo, do sonho
E toda uma panóplia de tons dissimulados que mostram o medo

Ri-te
Por eu ser um parvo
Impossível de aturar
E não por eu ser um parvo
E dizer-te o que sinto por ti
Sofro mais
Mas sofro menos
Dói mais
Mas sangra menos
Protejo-me mais
Mas vivo menos
E acho que é esta existência
Assim-assim,
Mais ou menos…
Que está a dar cabo de mim

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Visito esta página e fiquei agradado pela sua estética finíssima e apreciável, onde tudo se vê com agrado pela qualidade e perfume. Para revistar sempre e mais vezes no futuro. Parabéns.

17:46  
Blogger inBluesY said...

[momentus onde o importante é encontrar estes refugios onde somos ou nos encontramos] a defesa não pode ser entendida como medo, reconhecer a sua existência é muito valioso.

14:11  
Blogger Selene said...

Sabes, gosto da tua escrita. Não sei se só consegues ser tu quando pegas na caneta, mas enfim...todos temos os nossos "locais", onde nos sentimos mais nós próprios.
Do que tenho lido, teu, parece-me que tens tentado ultrapassar as capas. Não sei, espero que sim, sinceramente. A tua escrita (os teus poemas) faz-me sentir esperança, já tinha dito? :)

01:05  
Blogger segurademim said...

lindo!!!!

tá nada a dar cabo de ti... ora essa!!!!

beijo

15:25  

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