Camuflado (1998-07-11)
Quando pego na caneta?
Será que conseguiria ser feliz
Se fosse mudo?
Gosto de mim quando escrevo
Porque não consigo escrever merda
Ou será que é a caneta que é mais sensata que eu
E quando não tem nada para dizer, fica calada?
É um hábito… Não…
É uma defesa
Antes que tu faças pouco dos meus sentimentos
Estou eu a cobri-los com uma capa de comédia
Mas o irónico é que
A transparência dessa capa
Está nos teus olhos,
No teu coração
Sabes, a máscara do palhaço é feita de cores
O verde da esperança
O vermelho da paixão
O azul do céu, do vôo, do sonho
E toda uma panóplia de tons dissimulados que mostram o medo
Ri-te
Por eu ser um parvo
Impossível de aturar
E não por eu ser um parvo
E dizer-te o que sinto por ti
Sofro mais
Mas sofro menos
Dói mais
Mas sangra menos
Protejo-me mais
Mas vivo menos
E acho que é esta existência
Assim-assim,
Mais ou menos…
Que está a dar cabo de mim